The Walking Dead retorna nesta segunda parte da temporada às suas raízes como uma série obscura e bastante profunda; a destruição da prisão e a morte do Governador trouxeram de volta o clima de uma história onde não existe paz e sim lugares menos ruins; afinal a tensão e o medo de que algo ruim poder acontecer a qualquer momento sempre foi uma das maiores qualidades de The Walking Dead.
A montagem da cena de Rick na casa foi um exemplo de criação de uma cena tensa e diria que uma das melhores da série nas últimas duas temporadas; separado de seu filho e Michonne, machucado e sem arma dentro de um local fechado com homens dispostos a matá-lo ao primeiro olhar, escondido e tremendo como uma criança debaixo da cama. A parte de enredo de Rick no episódio foi muito bem executada e criou o seu efeito de passar para o público a sensação de medo igual a que o personagem sentia sabendo que a qualquer momento poderia ser encontrado debaixo da cama. Reparem que os rostos dos homens só foram mostrados no final, porque o rosto deles era o menos importante e sim suas palavras e atos; homens capazes de matarem um a outro apenas por causa de uma cama para dormir; imaginem o que fariam com Michonne e Carl quando retornassem.
Michonne passa por uma fase de mudança na qual precisa repensar sobre o que quer daqui em diante, sua época como vigilante solitária acabou e agora sente a necessidade de ser ligar a outras pessoas, ainda mais como Carl. Apesar de curta a conversa de Rick e Michonne foi a definição perfeita do que eles vivem, Rick não pode ser o melhor amigo de Carl e sim ser seu pai para protegê-lo de todo o perigo. Michonne aceitou essa tarefa e está tentando fazer Carl sorrir como uma menino da idade dele deveria fazer, mas Carl já viu demais e ainda sente o peso da pseudo morte de sua irmã Judith.
Por mais que tente parecer um homem, Carl é ainda uma criança em um mundo destruído, o jogo de perguntas e respostas que ele entrou para saber mais sobre o passado de Michonne foi uma brincadeira e também uma maneira dos dois ficarem ainda mais unidos. Sempre é triste ver a expressão de Michonne falando da perda de seu filho de três anos, ela sempre tenta passar essa imagem de mulher forte quando na verdade o trauma da perda da criança a mudou completamente e é uma marca que não pode ser esquecida. O tema família parece perseguir Michonne que viu um cenário de cortar o coração ao entrar em uma casa e ver uma família inteira morta; apesar de ser uma cena comum na série sempre acho forte pensar sobre o que faria em uma situação como esta, teria a coragem de lutar como os protagonistas ou desistiria como fez essa família.
Voltando a Rick que viveu momentos de muita tensão; apavorante ver a troca de olhares de Rick com um dos homens enquanto o mesmo era enforcado por outro cara e tentava avisar ao seu agressor que Rick estava escondido debaixo da cama; ainda mais angustiante foi Rick indo se esconder no banheiro e dando de cara com um dos homens; uma briga curta e brutal de dois homens que sabiam que só um poderia sair vivo de lá. Esta parte do enredo foi de tirar o ar a cada passo que Rick dava tudo piorava, além da aflição de ver o tempo passando e perceber que Michonne e Carl estavam cada vez mais perto de voltarem para a casa.
Os três foram salvos ironicamente por zumbis que atacaram a casa e ajudaram Rick a conseguir avisar no último segundo Michonne e Carl do que estava acontecendo. Mais uma vez os dois pegaram a estrada e com isso um reencontro está mais perto de acontecer dos três com Tyreese Carol e Judith, com os dois grupo seguindo destino para o comentado santuário, o qual não acredito que será este paraíso que vende ser.
O outro enredo envolvendo Glenn serviu para criar um paralelo sobre o tema do que nos move a continuar em uma vida deprimente como esta. Enquanto Abraham permanece sério no seu objetivo de levar Eugene para Washington para criar a cura; Glenn não se importa mais com o que está acontecendo no mundo e sim em achar sua esposa Lauren. Logo de cara já afirmo que não confio em Eugene, o olhar dele e a sua prepotência diminuem sua credibilidade com essa história de que ele saberia o que aconteceu e também tem a solução para salvar a todos; no mais acredito que ele está usando Abraham e Rosita para seus próprios planos. Como disse Tara ninguém é uma boa pessoa nesta situação e todos têm suas razões pessoais para agirem desta maneira.
Abraham é um personagem que veio para deixar sua marca na história da série; o protótipo do militar que precisa para viver sempre ter uma nova missão com um objetivo claro; o sorriso dele ao matar os zumbis e ao dizer que se sente o o homem mais sortudo do mundo revelou um homem que parece ter encontrado neste apocalipse um parque de diversões para matar zumbis. Tirando a sua beleza e seu amor por Abraham tenho pouco a dizer sobre Rosita que pelo menos parece o lado mais humano deste novo trio de personagens.
Este enredo sobre Eugene ter a tal cura não parece levar a uma nova revelação e solução sobre a infestação zumbi, mesmo assim os roteiristas devem segurar este segredo para manter a curiosidade se o cientista está ou não falando a verdade. Esta viagem de Glenn e todo o resto do grupo em busca de Maggie ajudará conhecer mais sobre estes novos personagens, revelar o verdadeiro motivo para Abraham acreditar tanto que Eugene tenha a cura, desvendar quem este é cientista de verdade e contar mais sobre Rosita.
A cada semana The Walking Dead apaga a péssima impressão deixada na temporada passada com este novo ano que está crescendo e lembrando mais as origens da série. Essa separação dos personagens em pequenos grupos trouxe mais dinâmica para a história e deve continuar assim por um bom tempo ainda; para completar o próximo episódio trará a esperada volta de Daryl e Beth!
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