Chega fevereiro e como já é tradição é hora de assistir a segunda parte da atual e quarta temporada de The Walking Dead. A série retornou com um episódio que fez mais uma excelente análise a aprofundamento de seus personagens, talvez dois dos melhores deles, sem deixar de entregar boas cenas de zumbi para aqueles que insistem em dizer que The Walking Dead é uma série sobre as criaturas.
Crescer e passar a fase da adolescência para a maturidade não é nada fácil para uma pessoa normal, para Carl em um cenário apocalíptico como de The Walking Dead é fazer isso de forma apressada e abandonar todo o lado infantil que existe dentro dele e ter que fazer de tudo para sobreviver. Inicialmente Carl preferiu seguir o caminho fácil de colocar a culpa de tudo em seu pai e tentar enfiar na cara dele de que poderia ser mais forte do que ele foi; Carl levou como uma competição, infantil, onde precisava provar para seu pai que era mais forte e capaz de sobreviver sem ele.
O episódio foi cheio de analogias sobre crescer, como na cena que Carl encontra o que seria o quarto do sonho de qualquer adolescente, com livros, videogames e uma televisão, mas ao olhar para tela preta pega o fio do videogame para usá-lo como uma maneira para fechar a porta da casa; uma mensagem de que aquela garoto que queria ser apenas um adolescente não pode existir nesta atual realidade. Carl viveu um dilema que muitos filhos têm de tentar superar o seu próprio pai quase como uma luta animal para se torna o macho alfa; o provocando ao falar de Shane e não querendo sua ajuda.
As cenas de Carl lutando contra os zumbis, primeiro na casa onde estavam e depois na outra residência na sua busca por comida; foram bastante aflitas e ambas o pior parecia que iria acontecer; qualquer um vomitaria depois de ficar com três zumbis em cima de você e ficar tão perto da morte. Carl em sua teimosia infantil não ouviu os conselhos de seu pai e desperdiçou as balas o que quase colocou sua vida em risco; mesmo assim lutou contra o zumbi e venceu, a mensagem que deixou na porta avisando do zumbi dentro do quarto pareceu um garoto orgulhoso por ter superado seus próprios medos.
O roteiro acertou ao tocar na questão do lado adulto e criança de Carl que se por um lado é capaz de se proteger e matar zumbis, não perdeu a oportunidade de comer 300 gramas de pudim sozinho. Outro momento impactante foi quando Carl deixou de lado sua máscara de menino forte e assumiu seu medo ao acreditar que seu pai tinha virado um zumbi; todo o peso do mundo tinha chegado ao limite e o menino chorando estava pronto para encarar a morte; o que não foi mais um susto com os gemidos, com estilo de zumbi, de dor de Rick.
Rick também teve que lidar com sua própria derrota ao encarar o erro que foi tentar ter uma vida de fazendeiro para proteger seus filhos de toda a violência e horror, acabou fazendo o contrário e os colocando em perigo, culminando na horrível morte de Judith. Carl falou tudo ao dizer que Rick fugiu da verdade de que um dia o Governador, morto pateticamente no chão no início do episódio, iria voltar para se vingar e assim Rick acabou com a estabilidade que todos viviam na prisão; espero que Rick volte a ser como antes pensando em se proteger e parando de fugir da realidade.
Michonne encontrou um cenário desesperador ao ver a cadeia invadida e dar de cara com a nojenta cabeça de Hershell zumbi; Michonne é uma guerreira e sua auto proteção é o mais importante por isso usou a velha técnica de andar com dois zumbis sem braços para não ser percebida. Enquanto Michonne viajava em busca dos sobreviventes da prisão foi também uma caminhada de auto conhecimento; encarar os seus sentimentos internos, dentro desta mulher forte e valente existe uma pessoa que perdeu tudo, um amigo, um namorado e um filho.
A cena mais triste do episódio foi o pesadelo de Michonne misturando sua vida passada com a atual, o seu inconsciente lembrando ela que aquela mundo passado nunca mais voltará. O flashback misturado com pesadelo foi um um momento de revelação sobre aqueles dois “companheiros” que Michonne tinha na sua estreia na trama; a personagem já tinha dito que eles não eram humanos antes mesmo de virarem zumbis. A recordação foi uma maneira de Michonne encarar aparentemente uma escolha que fez e o ódio e saudades que sente de Mike.
Assim como Carl desabafou com seu pai, Michonne se libertou de parte do seu ódio ao matar os zumbis que a acompanhavam, incluindo uma que parecia demais com si própria, uma maneira dela encarar sua própria mortalidade e de que um dia ela pode ser a próxima se tornar uma zumbi. Michonne também ao fazer isso deu um passo de maturidade, ela não precisa mais viver uma vida solitária acompanhada apenas de seus zumbis, sim ter amigos de verdade e pessoas vivas, acabando com essa solidão que viveu por tanto tempo.
O momento de choro de saudades de Mike foi de uma mulher que provou que poderia ser mais forte do que todos acreditavam nela, quase o mesmo que Carl sobre se virar sozinho sem o pai; assim como o menino Michonne teve que se adaptar e mudar o que era para viver nesta nova realidade. Ao mesmo tempo que Carl encontrava o seu lado ainda de uma criança, Michonne encontrou seu lado sensível de uma pessoa que ainda é capaz de se emocionar e chorar, a armadura que a guerreira usa em sua feição brava caiu e virou lágrimas de felicidade ao reencontrar com seus velhos amigos
Um episódio bastante pesado e que terminou com uma cena divertida com Rick dizendo que era para Carl a pessoa que batia na porta, Michonne, o momento de solidão de pai e filho durou menos que o esperado e agora o trio tentará ajudar da guerreira; em um mundo apocalíptico como este não existe tempo para brigas ou tentar mostrar o quão forte é capaz de ser, sim reunir aqueles em que pode confiar para tentarem juntos sobreviverem.
O próximo episódio irá mostrar os outros sobreviventes e o que aconteceu com Daryl, Maggie, Gleen e todos que conseguiram escapar da prisão.
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