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Série Nova: Hannibal – 1×01 – Apéritif

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Hannibal Lecter é um dos personagens mais carismáticos do cinema e da literatura. O serial killer criado pelo escritor Thomas Harris conseguiu conquistar o público e que foi brilhantemente interpretado por Anthony Hopkins em três filmes e uma vez por Gaspard Ulliel em Hannibal – A Origem do Mal (2007), filme que fracassou nas bilheterias e nas críticas e que acabou resultando no fim da história do personagem no cinema. Seis anos depois do último filme, Bryan Fuller (Pushing Daisies) teve audaciosa ideia de trazer o personagem de volta agora em uma série de televisiva e para dirigir o piloto convidou David Slade (30 Dias de Noite, Saga Crepúsculo: Eclipse).

A história é ambientada anos antes dos eventos de O Dragão Vermelho, centrada quando Will Graham, que ainda não é oficialmente um agente do FBI, conhece Hannibal, que é somente um canibal disfarçado e que não é ainda considerado um criminoso. Para o papel de Will Graham que antes foi interpretado por William Petersen e Edward Norton, o ator escolhido foi Hugh Dancy (Rei Arthur). Já para o papel de Hannibal, a difícil tarefa de substituir Hopkins, ficou nas mãos do ator dinamarquês Mads Mikkelsen (007 – Cassino Royale).

O piloto de Hannibal chega a ser bastante decepcionante diante da expectativa sobre a produção e o texto fraco. A série segue um estilo muito parecido com o filme O Dragão Vermelho e baseia sua história principalmente também no livro homônimo ao filme de Harris. A produção lembra outras séries do gênero policial, principalmente CSI, algo que não combina com o gênero da história original e que parece levar a produção para um caminho mais fácil para tentar conquistar o público com uma fórmula pronta. Curiosamente e maior erro do piloto é centralizar a trama quase totalmente no personagem de Graham, fazendo assim uma construção dele tentando revelar nele um lado obscuro de sua personalidade, um homem traumatizado pela sua habilidade que tem de em se sentir como os criminosos, capaz de entrar em suas mentes e imaginar e principalmente entender os motivos que levam eles a cometerem assassinatos cruéis. O episódio tem muito do seu espaço dedicado a como Graham não sabe conviver com essa sua habilidade que o transformou em homem solitário e incompreendido pelos seus colegas de profissão.

Cabe ao agente Jack Crawford (Laurence Fishburne) trazer Graham para o lado do FBI percebendo nele um talento único para desvendar mentes criminosas, para descobrir quem é o assassino que está matando jovens. Ao mesmo tempo Crawford tem noção de como essa aproximação com criminosos pode mudar Graham para sempre. Por isso ele pede primeiro ajuda para a Dra. Bloom (Caroline Dharavernas) que conhece Graham há um bom tempo, mas por um motivo secreto prefere manter distância dele. Cabe então a Crawford recorrer ao doutor Hannibal Lecter fazer um perfil de Graham e ser uma espécie de sua sombra para entender o que se passa em sua estranha mente.

A história em si do piloto é cativante, o serial killer é bem descrito e felizmente temo sangue que dá um tom mais real para a história. Além do excessivo tempo gasto com Graham, incomoda as interpretações do elenco principal. Hughy Dancy parece caricato demais no papel, exagera um pouco em sua atuação que parece bem forçada. O Hannibal de Mads Mikkelsen é diferente do personagem de Anthony Hopkins, o ator dinamarquês preferiu não fazer uma cópia perfeita do seu antecessor e sim criar uma nova versão do mesmo personagem, preferindo seguir um estilo bem mais simples de atuação o que faz o personagem perder um pouco a sua originalidade. Incomoda em Mikkelsen a sua tentativa de esconder seu sotaque original e muito atuação caricata que faz de Hannibal Lecter, lembrando só em poucos momentos a personalidade já conhecida do personagem. Quem acaba se sobressaindo é Fishburne interpretando um estilo comum de personagem em sua carreira e por isso consegue fazer a atuação mais convicente do piloto.

Com um proposta de apresentar os personagens, os roteiristas poderiam ter dedicado um tempo maior a relação de Graham e Hannibal, apesar de seus intérpretes não estarem perfeitos nos seus papéis, juntos rendem os melhores momentos deste episódio, com diálogos criativos e um tentando mostrar ser mais inteligente que o outro, além da tensão de saber o que irá acontecer no futuro entre os dois. Destaque para a cena dos dois tomando café da manhã, sem Graham nem ter ideia do que pode estar acontecendo, além de quando Hannibal liga para o assassino para avisar de que estão indo atrás dele, um jogo sádico obviamente criado para mexer com Graham. Graham nunca mais será o mesmo após ver o serial killer matar sua filha e ainda ter atirado no criminoso, o trauma será permanente, uma cicatriz deixada na sua já complexa personalidade. Hannibal com seu sorriso maléfico parece ter percebido isso e sentiu um prazer ainda maior em desvendar a mente de Graham.

Como sempre digo é impossível ter certezas após assistir apenas um episódio piloto, mas sempre a primeira impressão é a que fica, por enquanto Hannibal não mostrou ter algo especial que consiga conquistar o público de primeira, mudanças nos personagens e um foco maior na relação dos dois protagonistas podem fazer com que a série mude para melhor.

3star

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