O Besouro Verde estreou em 1936 em um programa de rádio e logo virou um grande sucesso. Quase trinta anos depois, na década de 60, o produtor William Dozier, o mesmo responsável também pela série do Batman, adaptou a história do personagem para a telinha, mas não obteve o mesmo sucesso do programa com o Homem Morcego. A série ganhou fama de cult por ter lançado o até então desconhecido Bruce Lee.
Passados 65 anos da criação do personagem, chega às salas de cinema Besouro Verde, adaptação para o cinema dirigida por Michel Gondry (Rebobine, Por Favor). O projeto foi criado por Seth Rogen (Pagando Bem que Mal Tem?) que além de estrelar, também assina a produção e co-escreveu o roteiro ao lado de Evan Goldeberg, dupla responsável pela comédia SuperBad
Antes de falar do filme em si, vale a pena contar os inúmeros problemas que ele enfrentou até sua estreia. Originalmente o filme seria dirigido por Stephen Chow, que desistiu do projeto por diferenças criativas com os roteiristas. Depois de um tempo parado, o francês Michel Gondry conhecido mais por seus filmes alternativos, aceitou dirigir o blockbuster americano. Circula o boato de que os chefões da Columbia Pictures ao assistirem a primeira versão do filme pensaram inclusive em cancelar o seu lançamento e tinham certeza do seu fracasso e por isso adiaram a sua estreia para janeiro, época em que a produção não teria grandes concorrentes.
A verdade é que seria realmente melhor se o filme não tivesse sido lançado, Besouro Verde vai facilmente entrar na lista de piores filmes deste ano. Se você era fã do programa de rádio ou possivelmente da série dos anos 60, fique longe do filme, a adaptação cinematográfica tem poucas ou quase nenhuma semelhança com a história original.
Nada funciona, o roteiro é cheio de furos e ilógico, com diálogos ruins e atuações terríveis. O roteiro de Rogen e Goldeberg tenta adaptar a história para os tempos atuais, com uma linguagem moderna que não funciona em nenhum momento. Gondry até se esforça para usar seu estilo para fazer um filme com cara de videoclipe da MTV.
Na história, Britt Reid (Seth Rogen, mais magro só que com a mesma cara de idiota) é um playboy que não liga para nada e só quer aproveitar a grana do seu pai, James (Tom Wilkison), dono de um jornal de grande sucesso. Britt costuma aparecer nas páginas do jornal do seu próprio pai, por causa das loucuras que comete.
Após a repentina morte de seu pai, Britt se vê numa situação que nunca imaginou, dono de toda a herança do seu pai e principalmente tendo que cuidar do prestigiado jornal. Ele conhece o chofer e fazedor de café Kato (o ator e cantor Jay Chou), um gênio capaz de inventar qualquer coisa, desde uma máquina de café até um super carro, além de ser mestre em artes marciais Ao lado de seu novo amigo Kato, Britt resolve assumir uma identidade secreta e resolve se tornar um super-herói. Para não ser perseguido pelos bandidos, finge ser na realidade um vilão, para assim pegar de surpresas os inimigos.
A história sem nexo fica ainda mais evidente com a falta de ritmo do filme, tudo acontece de repente e sem nenhuma explicação. Britt resolve virar herói só porque descobre que o seu chofer sabe construir carros e lutar. A trama original diferente do filme, funcionou bem nos anos 60, uma época onde as pessoas eram realmente mais inocentes e que soa ridículo para os tempos atuais.
Rogen transformou Britt Reid em um paspalhão, um cara atrapalhado e sem noção, que sem ajuda do seu fiel amigo Kato teria sido assassinado pelos vilões na sua primeira missão. O ator até tenta deixar em alguns momentos sua fama de ator de comédias, mas falha feio e logo retorna para cenas exageradas e sem graça, onde pode fazer suas palhaçadas que neste filme não conseguem fazer ninguém rir. Jay Chou em seu primeiro blockbuster americano mostra que sabe lutar e só, não tem o mesmo carisma de Bruce Lee. Chou faz uma atuação merecedora de levar uma surra do mestre das artes-marciais e intérprete original de Kato.
Como não poderia faltar, o filme tinha que ter uma mulher bonita, desta vez a escolhida é Cameron Diaz, que só serve para criar uma rivalidade entre os protagonistas em um dos piores momentos da trama. O único que se salva é Christopher Waltz (Bastardos Inglórios) no papel de um mafioso que controla os negócios ilegais e claro o grande rival do Besouro Verde.
Waltz com toda sua versatilidade como ator, participa das melhores cenas do longa, seja em momentos sérios ou mais engraçados, como a discussão com o personagem de James Franco (127 Horas), numa boa participação especial.
O filme tenta sem sucesso e da pior forma possível seguir a fórmula atual do sucesso, com momentos engraçados, cenas de ação, dramas pessoais, momentos de tensão, efeitos especiais e um final grandioso. Para piorar o filme foi lançado em 3D que não serve absolutamente para nada e quem assistir ao filme nesta versão vai se sentir literalmente roubado.
Besouro Verde é mais uma adaptação cinematográfcia que nunca deveria ter saído do papel e que vai cair no esquecimento. A melhor notícia é que o filme custou US$ 120 Milhões e faturou até agora apenas US$ 87 milhões, diminuindo a possibilidade de uma continuação ser produzida.