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Crítica: 47 Ronins

47 Ronins-0A clássica história japonesa dos 47 samurais que foram em busca de vingança contra aqueles que mataram seu mestre ganha com 47 Ronins uma versão que só poderia ter sido feita em Hollywood; uma versão que inclui um ocidental como protagonista; criaturas fantásticas criadas em computação gráfica e uma bruxa. É inegável que se trata de uma que não se compara a outras adaptações da história como no clássico Os Vingadores (1962) de Hiroshi Inagaka para citar apenas uma adaptação marcante.

Nesta versão, Kia (Keanu Reeves), é um jovem mestiço que é encontrado na selva pelo lorde Asano (Min Tanaka). Kai cresce ao lado da filha de Asano, Mika (Ko Shibasaki), assim surge um amor proibido; Kai convive com o preconceito por não ser oriental e por ter sido encontrado em uma floresta conhecia pela presença de demoníacas criaturas. Quando Lorde Kira (Tadanobu Asano) auxiliado pela bruxa (Rinko Kikuchi, de Círculo de Fogo) criam um golpe no qual Asano comete um ato desonra e como punição é obrigado a cometar o harakiri, o suícidio. O vilão torna-se o novo líder local, como também futuro marido de Mika, Kiraexpulsa do reinado os 47 samurais da guarda de Asano liderados por Olshi (Hirouku Sanada) sem seu mestre tornam-se então Ronins. Olshi decide reunir seus antigos companheiros e também Kai para juntos vingarem a morte de seu mestre.

APphoto_Film Review 47 RoninEm Hollywood quando um blockbuster enfrenta crises internas antes de seu lançamento é quase uma certeza de que o resultado final acabará sendo decepcionante, o que aconteceu com 47 Ronins. O filme foi rodado em 2011 e engavetado; teve seu lançamento adiado diversas vezes; passou por muitas edições, o que duplicou o seu custo e o diretor estreante Carl Rincsh teria ficado de fora do controle da edição final; a qual incluiu mais cenas com o seu pseudo protagonista Keanu Reeves.

O diretor de comercias Carl Risch que faz sua estreia no cinema faz no primeiro ato do longa uma simplória homenagem ao cinema japonês e seu estilo contemplativo; a longa abertura tem poucas cenas de ação e se concentra mais em aprofundar seus personagens e os valores dos samurais da época, como o tema da honra. Esta primeira parte do roteiro é talvez a única que possuí pequenas qualidades pela sua beleza de imagens; tudo escondido em uma trama onde um ocidental é o verdadeiro herói e apesar de se passar no Japão feudal todos falam inglês, claro com forte sotaque. Risch fez sua carreira no mercado publicitário e ganhou fama por trabalhar bem com computação gráfica; elemento que joga na trama de forma grosseira; nenhuma parte envolvendo a bruxa da trama combina com a alma da história. Efeitos especiais comuns e que não trazem de novo, acompanhado de um desnecessário uso do 3D.

47 Ronins-2As inúmeras edições que a obra teve ficam expostas na presença ou não de seu protagonista; já que ao colocar um ocidental como Reeves esperava-se que o ator teria um papel impactante para a história; Reeves praticamente desaparece da trama em diversos momentos e reaparece na cena de batalha final, porque um oriental não poderia ser o herói da história. Essa confusão narrativa faz com que o romance de Kai e Mika seja nada mais do que algo forçado na trama e que seja um mero motivo para Kai aceitar acompanhar os outros ronins.

Reeves pouco aparece e o outro extenso grupo de personagens ronins são poucos desenvolvidos; alguns morrem sem dizer uma palavra, dando espaço somente para o seu líder Oshi e um outro personagem com problema de peso, que nada mais é do que um alívio cômico sem graça alguma. O elenco formado por alguns dos melhores atores orientais da atualidade que são desperdiçados; exceto Horiyuki Sanada como Oishi, única atuação segura e espécie de herói não reconhecido; Rinko Kikuchi decepciona e faz rir pela forma exagerada que interpreta a bruxa, personagem que com um comportamento espalhafatoso.

47 Ronins-3A lenda dos 47 Ronin é uma lição sobre honra; algo que todos nesta versão não tiveram ao sujeitar a história a uma versão que mancha o aprendizado destes homens que deram a sua vida por aquilo que acreditavam. 47 Ronins é a personificação do que existe de mais errado com os estúdios de Hollywood que acreditam que são capazes de pegar qualquer história e transformá-la em blockbuster, somente gastando milhares de dólares com efeitos especiais e um ator famoso no papel principal. Como eram mais que esperado 47 Ronins fracassou nas bilheterias americanas tendo um custo de US$ 175 milhões e não arrecadando metade dele, a Universal acredita ainda que pelo menos o prejuízo diminua com o seu lançamento internacional, o que dificilmente irá acontecer.

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