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Crítica: O Lobo de Wall Street

O-Lobo-de-Wall-Street-01Martin Scorsese e o roteirista Terrence Winter repetem a bem-sucedida parceria de Boardwalk Empire para contarem em O Lobo de Wall Street de formal de forma totalmente livre a história do especulador Jordan Belfort e como ele roubou várias pessoas e mexeu como bem quis com o sistema financeiro americano.

Logo na cena de abertura, Jordan (Leonardo DiCaprio) começa a narrar a sua própria história de forma livre, exagerada e ultrapassando os limites da realidade; uma Ferrari muda de cor porque o protagonista deseja que seja assim. O magnífico roteiro de Winter é ousado como há muito tempo não se via tanto em grande produção Hollywoodiana e como também em um filme de Scorsese; ambos brincam com o irreal e real sempre provocando o espectador a pensar sobre o que está diante de seus olhos ao colocar o protagonista conversando com o público.

O-Lobo-de-Wall-Street-2A proposta de pegar na ferida do sistema financeiro pode ser resumida na ótima cena do restaurante quando o então jovem Jordan almoça com seu chefe (Matthew McConaughey, perfeito!), um veterano especulador que revela o verdadeiro comportamento animal dos homens que controlam Wall Street; como bem dito por ele e os clientes são meros bonecos usados pelos especuladores que criam fantasias financeiras para tirar dinheiro deles. Apesar do tema, O Lobo de Wall Street não quer dar uma aula sobre bolsa de valores; pelo contrário o próprio Jordan conversa com o público e diz que ninguém quer saber sobre este assunto em detalhes

Esqueça o Scorsese de filmes comuns como A Invenção de Hugo Cabret e Ilha do Medo; o diretor retorna a ter coragem que teve em filmes como O Cassino (1995) para expor de forma sátira e violentamente exagerada o sistema financeiro americano. Scorsese e Winter criam uma história que mesmo tendo três horas de duração passa de forma rápida diante de tantos elementos expostos na trama;  montagens que os puritanos tanto de valores sociais como cinematográficos vão ficar ofendidos. Scorsese ri constatemente da sua própria e e a leva sempre no limite; uma sequência de cenas onde o ritmo nunca diminui em um momento o público está presente em uma festa com anões sendo jogados no ar;  em outra uma suruba dentro de um avião; tudo recheado a muito luxo; bebidas e muita, muita droga.

O-Lobo-de-Wall-Street-3Por ser contada através da visão de Jordan Belfort tudo que acontece na trama parece divertido e comum; por mais absurda que a situação seja; essa escolha é que o diferencia O Lobo de Wall Street. Jordan é um ladrão egocêntrico; viciado em drogas e sexo; pouco se importa com os outros e pensa somente em dinheiro; um protagonista que foge do padrão comum e que dá ao público a sua visão fantasiosa do que aconteceu em sua vida. Isso causa um efeito peculiar enquanto é ao mesmo tempo fácil rir dos excessos cometidos por Jordan é também fácil odiá-lo pelo jogo sujo que faz para roubar o dinheiro de pessoas; no meio deste humor escrachado existe uma realidade deprimente de um homem solitário e que se perde em sua própria ganancia.

Leonardo DiCaprio aproveita ao máximo essa liberdade artística do roteiro, nesta que é a melhor atuação de sua carreira; o ator está deslumbrante indo com seu caricato personagem do garoto sonhador ao homem sem escrúpulos e capaz de tudo para ficar ainda mais rico. DiCaprio faz uma entrega para o papel que ganha uma vida tocável diante do realismo que o ator passa com seu canalha Jordan; o vigarista que esconde o seu lado amoral em seu charme. Apesar de ser um show quase solo de DiCpario; o filme ainda tem um elenco secundário escolhido a dedo que ajudam a criar essa história lunática e divertidíssima; atores como P.J. Byrne, Jon Bernthal que estão hilários em seus papéis.

Nesta parte do elenco é impossível não elogiar atuação de Jonah Hill como Doonie; o braço direito de Jordan; Hill com sua vasta experiência em comédias, o ator é o parceiro ideal tanto para DiCaprio como para o personagem principal. Elogios também para deslumbrante Margot Robbie como Naomi, a esposa de Jordan e Kyle Chandler como o agente que persegue o investidor; estes dois personagens são os únicos que fogem do padrão exagerado; funcionam como a ligação entre o real e o irreal da vida que o próprio Jordan acredita ter controle total; através deles é o espectador tem uma visão mais racional da deprimente vida do protagonista.

O-Lobo-de-Wall-Street-4O Lobo de Wall Strett foi indicado a cinco Oscars, melhor ator (DiCaprio), filme, roteiro adaptado direção e ator coadjuvante (Jonah Hill); tendo fortes concorrentes neste ano é provável que o longa ganhe menos estatuetas do que merecia; DiCaprio também tem a chance de ser finalmente reconhecido pela sua carreira; seria uma injustiça histórica da Academia, se o ator não sair premiado por essa atuação magnífica e que talvez nunca mais tenha oportunidade de repetir.

Scorsese e Winter de forma brilhante expõem o que existe de mais sujo no sistema financeiro, sem fazer julgamentos direto e sim faz isso ao apresentar de forma escrachada a vida deprimente dos poderosos de Wall Street e mostrar nas mãos de quem o dinheiro.

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3 comentários em “Crítica: O Lobo de Wall Street

  1. […] com uma versão final com três horas de duração O Lobo de Wall Street, o filme de Martin Scorsese irá ganhar uma outra cópia com quatro horas de duração e que será […]

  2. […] de contracenarem em O Lobo de Wall Street, Leonardo DiCaprio e Jonah Hill podem repetir a parceria no drama American Nightmare. A trama […]

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