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Crítica: Capitão Phillips

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Com uma história capaz de emocionar até os mais frios e com uma ótima direção e atuação, chega aos cinemas Capitão Phillips, um dos favoritos ao Oscar. O longa marca o grande retorno de Paull Greengrass (trilogia Burne), afastado dos cinemas desde 2010 quando lançou Zona Verde.

A trama é baseada em fatos reais e narrada no livro Dever de Capitão, do capitão Richard Phillips. O longa narra os fatos acontecidos em 2009, quando Phillips, interpretado por Tom Hanks, teve seu cargueiro capturado por piratas somalis. Uma história que consegue prender sua atenção por toda sua duração; mesmo sabendo o que irá acontecer no final, é impossível não se prender e até temer sobre como terminará a luta pela vida do Capitão diante destes quatro homens agressivos.

Capitao-Phillips-2Grenngrass equilibra sua história em contrapontos; estabelecendo com sua câmera o belo carro de Capitão Phillips preocupado com o futuro de seus filhos, todos bem-educados, como também faz questão de mostrar a grandiosidade e beleza do barco cargueiro; o oposto se vê na Somália, um local sujo e extremamente pobre, com homens desnutridos, mas não menos corajosos, onde precisam roubar barcos para ganharem dinheiro, não para si, mas para os homens que dominam o local e oprimem aqueles que não obedecem suas ordens; exaltando e criticando o capitalismo nestes dois pontos.

O roteiro de Billy Ray (Jogos Vorazes) consegue equilibrar bem seus personagens, não tentando criar vilões ou mocinhos, sim colocá-los em seus contextos de vida que explicam os motivos de seus atos. Nesta história não existe certo e errado, sim a causa por de trás de tudo que irá acontecer está nos problemas da nossa sociedade que separa cada vez mais aqueles que tem muito com os outros que não tem nada.

Capitao-Phillips-3O realismo tão necessário para uma história dramática como essa se encontra muito na escolha acertada do seu elenco; um ator de peso como Tom Hanks no papel principal; respeitado e consagrado, Hanks volta a fazer uma atuação memorável; passando ainda mais emoção do que fez em filmes como O Náufrago. Hanks já é o favorito para ganhar, merecidamente, o seu terceiro Oscar, fato incontestável e que se consolida na marcante e difícil cena final do filme, na qual Hanks chega mais uma vez ao seu ápice, lembrando a clássica cena da dança com o soro de Filadélfia; cenas nas quais consegue fazer com que a emoção seja real e passe os limites da tela.

Hanks contracena em quase toda a parte da trama com os quatro piratas somalis, interpretados por atores amadores, e apesar da falta de experiência, estão perfeitos em suas atuações. Chama atenção Barhad Abdi como o líder dos piratas, o personagem é essencial para entender essa luta de um homem sem nada e sem futuro, que sonha ilusoriamente em ficar milionário e entrar na América, uma desmistificação do cada vez menos popular jargão do “sonho americano”.

Capitao-Phillips-4jpgGreengrass traz seu conhecido estilo de seus filmes de ação mais recentes e o, assim como fez em Voo United 93, o adapta perfeitamente para uma história que teria tudo para se tornar monótona nas mãos de outra pessoa; o diretor cria tensão a todo momento, muito com ajuda do uso de um câmera que nunca fica parada e traz o movimento que ahistória precisa. Greengrass tende agora alcançar um novo patamar e consolidar-se ainda mais, deve ser indicado pela segunda vez ao Oscar de Melhor Diretor, e não seria surpresa vê-lo levar para casa a estatueta.

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