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Crítica: R.I.P.D. – Agentes do Além ||ZERO

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Baseado em uma história em quadrinhos de segundo escalão a comédia de ação R.I.P.D. – Agentes do Além, estrelada por Jeff Bridges (Bravura Indômita) e Ryan Reynolds (Lanterna Verde), pega o roteiro de M.I.B – Homens de Preto faz algumas leves mudanças na trama e tenta enganar o público de que as comparações são mera coincidências.

Na trama, Nick (Reynolds) é um policial justo e correto até o momento que entra no jogo de seu parceiro Bobby (Kevin Bacon) e rouba um artefato de ouro que encontram durante uma investigação. Nick muda de ideia sobre ficar com a sua parte do ouro e e decide entregá-lo da maneira correta, por isso acaba sendo morto por Bobby que não pode deixar o artefato cair em outras mãos, o motivo disso, que é um clichê que chega ser risível, só é revelado ao longo da trama. Após ser morto pelo seu parceiro, Nick descobre que no lugar de ir para o sonhado paraíso, acaba indo parar em um outro lugar, o R.I.P.D, uma divisão sobrenatural formada por policiais mortos de diferentes épocas, responsáveis por tirar da terra almas que fogem do julgamento final e tentam viver secretamente na Terra, porém a presença dessas almas causa sérios problemas e por isso precisam ser capturadas. A nova chefe de Nick, interpretada por Mary-Louise Parker, avisa que o policial terá como seu parceiro nesta nova função Roy Pulsipher (Bridges), um razinza xerife da época do Velho Oeste.

Não é mera impressão, troque fantasmas por alienígenas e terá a base do roteiro de M.I.B, você lerá em quase todas as críticas essa comparação, que é impossível de não fazer após assistir o longa. Um caso comum no cinema de uma tentativa de usar uma base de um roteiro que deu certo e tentar repeti-lo para criar também uma franquia, comprovando outra clássica teoria de que sempre que alguém tenta fazer isso, tem um resultado decepcionante. A cópia é clara e descarada desde a dupla principal, o novato (Reynolds no papel de Will Smith) que tem como parceiro o experiente e rabugento policial (Bridges como o novo Tommy Lee Jones), entre outras tantas semelhanças.

Captura de tela 2013-09-26 às 20.01.17

Como li a história em quadrinhos, escrita por Peter M. Lenkov, posso dizer que adaptação cinematográfica se parece em quase nada com a trama original, perde-se a atrativa violência que é trocada por humor que beira ao besteirol, absolutamente nenhum das piadinhas colocadas funcionam. Adaptação erra ao não aproveitar bem o mundo onde se passa a histórica, preferindo dar ênfase para os protagonistas do que se aprofundar neste universo tão amplo do mundo sobrenatural. O fraquíssimo roteiro escrito por Phil Hay e Matt Manfredi (dupla do traumático Fúria de Titãs) utiliza de velhos e já ultrapassados artifícios hollywoodianos, a dupla de detetives diferentes que precisam trabalhar juntos, o vilão (Kevin Bacon) que revela ter um plano mega ambicioso, além das piadas mais óbvias possíveis sobre fantasmas, velho oeste e até uma com mulheres de belas curvas. O roteiro ainda peca pela falta total de lógica, não se espera de um filme de ação como este uma história profunda, mas o mínimo é que consiga explicar a trama que está apresentando, algo que não acontece, diante dos inúmeros furos. A piada que deveria ser a única criativa da trama, na qual os personagens principais precisam assumir novas formas físicas para não serem reconhecidos pelos vivos, uma premissa boa que também não funciona diante da ideia de colocar o avatar de Bridges como uma loira gostosa e de Reynolds um chinês baixinho, uma ideia que parece ter vinda de uma criança diante de um humor tão infantil.

Um dos motivos mais importantes para o sucesso da franquia M.I.B foi a presença de Smith e Lee Jones, seus substitutos aqui parecem uma paródia sem graça de seus personagens. Reynolds irá pelo jeito até o fim de sua carreira interpretar o personagem falastrão, metido a engraçadinhp, mas sem graça alguma. Um ator tão prestigiado como Bridges se sujeita a um personagem caricato e que parece um sátira de sua atuação em Bravura Indômita, o ator fez questão de dizer em entrevistas que não ficou satisfeito com a edição final do filme, uma declaração que parece mais soar como uma desculpa pela sua vergonha atuação. Bacon não nasceu para interpretar vilões, algo que já tinha deixado relativamente claro em X-Men – Primeira Classe, faz uma atuação correta, sua postura e sorriso de galã não condizem como de um antagonista. Completa o elenco Mary-Louise Parker em uma pequena e fatídica participação.

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O diretor Robert Schwentke (Red: Aposentados e Perigosos) faz o básico, tentando esconder os inúmeros problemas do roteiro com pífias cenas de ação, sem emoção alguma, a cena final, que deveria ser a maior, é cansativa e cópia de outras usadas em filmes recentes. R.I.P.D. poderia ter pelo menos uma atenção e gasto maior em seus efeitos especiais que são vergonhosos diante da eficiente tecnologia existente para isso. Os fantasmas, que são quase monstros, são criados através de uma computação de gráfica que lembra mais os efeitos especiais simplistas da década de 90.

R.I.P.D. – Agentes do Além foi um fracasso nas bilheterias americanas acabando, felizmente, com qualquer possibilidade de uma possível continuação. Um filme que não seria usado nem como penitência no inferno, afinal nem o Diabo seria capaz de dar tão grande castigo para uma pessoa.

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