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Série Nova: Bates Motel – 1×01- First You Dream, Then You Die

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Ousado e perigoso, essas duas palavras são perfeitas para definir um projeto como Bates Motel. A série vem com a ousada proposta de ser um prelúdio do clássico suspense Psicose, do mestre Alfred Hitchcock, filme até hoje considerado um dos melhores do cinema e que teve a história dos bastidores da produção contada recentemente no longa Hitchcock. Lembrando que o próprio longa original foi inspirado no livro Psycho de Robert Bloch, que se inspirou na história do serial killer dos anos 50 Ed Gein.

Norman Bates é até hoje um dos maiores vilões e serial killer da história, um personagem enigmático e que por aparentar se inofensivo tornou-se mais assustador com a bombástica revelação do final da história. Um exemplo do perigo de mexer com a obra origina é que o longa Psicose ganhou um sofrível remake em 1998 que mesmo praticamente contando a mesma história não conseguiu obter o mesmo resultado de Hitchcock, muito pela falta de um diretor como do original e também porque o público já sabia a surpresa final e ninguém é capaz de ser surpreso duas vezes com o mesmo ato.

Além de sua perigosa ideia, a série Bates Motel faz uma mudança de tempo na trama, apesar de ser um prelúdio a história não se passa nos 50 ou 60 e sim nos tempos atuais. O objetivo final da série é tentar explicar como Norman Bates virou um serial killer, um sociopata dono de uma personalidade aparentemente inofensiva, mas que esconde um grande monstro dentro de si. Para contar essa história o roteiro se centraliza na complexa relação entre Norman e sua mãe Norma, o complicado convívio entre os dois acabou sendo um dos principais motivos para a transformação de Bates.

Bates Motel começa mostrando Norman Bates (Freddie Hughmore) encontrando o corpo de sei pai morto e desesperado avisa sua mãe Norma (Vera Farmiga) que estava tomando banho e que saí calmamente, quase como se já soubesse o que tinha acontecido, o olhar frio da personagem foi assustador e um grande começo para apresentar a personagem. Seis meses depois Norman e Norma mudam para uma pequena cidade, onde ela compra um hotel e antiga casa ao fundo, sim o clássico cenário foi felizmente mantido igual ao original, todos os detalhes do hotel e da casa principalmente estão lá, desde o quarto secreto até a clássica escada.

O roteiro se esforça e às vezes um pouco exagero na tentativa de ressaltar diversas ideias do poder controlar que Norma tem sobre seu filho, quase um ciúmes doentio e uma paixão que ultrapassa os limites de mãe e filho. A cena de Norman subindo a escada e vendo sua mãe trocar de roupa, além de uma referência ao filme original, é quase um sinal da paixão estranha que existe entre os dois, com exageradas e constantes declarações de amor. Norma não quer ver seu filho longe dela, não gosta que ele pratique esportes e conviva com outras garotas, tudo para ficar o mais próximo possível dela. A amizade quase instantânea de Norman com as garotas mais populares da escola é um pouco clichê, pela proposta das garotas ficarem atraídas pelo algo novo que chega na cidade. Norman começa uma admiração por Bradley (Nicola Petz) e o clima romântico entre os dois logo de cara fica evidente.

Outro detalhe curioso é que os roteiristas precisavam encontrar uma maneira de mostrar que a trama se passava nos tempos atuais e para isso ressaltam detalhes da nossa época, como a cena do uso do celular moderno e também a festa, com músicas atuais e jovens com roupas modernas. O oposto de Norman e Norma, o figurino de ambos lembram mais os personagens passados, apesar de ter um celular de última geração, a roupa de Norman é quase antiga.

Antes de entrar na parte da escolha do elenco, duas opções do roteiro não me agradaram muito e diminuíram minha nota no final do episódio. A trama do ex-dono da residência foi um pouco forçada e muito para ressaltar o lado cruel e assassino de Norma e como ela é mulher sofredora e usada pelos homens, como a cena do estupro. Outro motivo claro foi para ter uma desculpa para revelar o interior do clássico quarto e a banheira com a toalha, só faltou a música clássica do filme para virar um remake. Outra opção que achei bem estranha é o tal caderno encontrada por Norman com desenhos de mulheres torturada e no estilo mangá (mais atual que isso impossível), quase como um livro de ensinamento para o futuro assassino e também uma deixa para a cena final do episódio sobre quem era a garota sendo torturada e aonde aquilo estava acontecendo, presente, passado ou até futuro? Uma grande dúvida que a série levantou na sua estreia.

Sobre o elenco, como esperado Vera Farmiga foi a escolha perfeita para o papel, uma atriz deslumbrante e sua atuação foi ótima na estreia, realmente trazendo a clássica personagem à vida, com todos os detalhes de uma mulher muito complexa, adorei o diálogo dela com xerife Romero (Nestor Carbonell) sobre o motivo do filho ter o mesmo nome que ela. Uma meia decepção foi Freddie Highmore, o ator não conseguiu convencer totalmente como Norman Bates, apesar de uma pequena semelhança física entre ele e o intérprete original do personagem Anthony Perkins, o jovem ator parece um pouco exagerado em alguns momentos, melhorando mais no fim do episódio. O jeito de andar e o olhar estavam bons, já o jeito de falar não me agradou inicialmente, um pouco diferente do personagem original, mas realmente teve uma melhora no final quando pareceu mais como o clássico Norman Bates.

Bates Motel fez uma estreia bastante mediana, bem abaixo do esperado, não conseguiu criar nem metade do estilo de suspense do longa original, levantando muitas questões sobre como os roteiristas vão continuar a história sem torná-la entediante e principal a dificuldade de criar uma história própria sem viver totalmente da sombra da obra em que se inspira.

 3star

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