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Nos Cinemas: Os Miseráveis

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Jean Valijean (Hugh Jackman), o homem preso por ter roubado um pedaço de pão para alimentar sua irmã e sobrinhos, aparece cansado, o rosto cheio de sofrimento ao lado de homens que sofrem para levantar um barco e ao mesmo tempo todos usam sua força ao máximo também para cantar em plenos pulmões como devem olhar para baixo diante do inspetor Javert (Russell Crowe), o povo oprimido pelo poder. Cena grandiosa e emocionante, que refletem as duas sensações que o público não deixa de sentir em nenhum minuto das 2 horas e meia de Os Miseráveis, indicado a Oito Oscars, incluindo Melhor Filme.

O diretor Tom Hooper que já tinha deixado bem claro que veio para ficar com o brilhante o Discurso do Rei, faz uma das melhores adaptações de um musical já vista no cinema, como também soube pegar a alma da obra-prima de Victor Hugo publicada em 1862. O roteiro que comete poucos erros consegue explorar a trama sobre como a ganância de um grupo de homens leva sempre uma outra parte da sociedade a pobreza. A emocionante história ganha ainda mais sentimento com as canções da versão musical criada em 1980 e adaptada para diversas línguas, Hooper conseguiu encaixar a parte da história e o musical de uma maneira que o elenco estar cantando quase o tempo todo não soa estranho e sim uma maneira de aumentar ainda mais o impacto da história.

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A maioria dos críticos insistiu de que o longa é dramático demais e bateu em críticas, na minha opinião desnecessárias, na parte técnica do filme. A crítica sobre o drama exagerado da história é bastante simplista e clichê, afinal os Miseráveis sempre conquistou o público exatamente por não ser uma história leve, não estamos falando de um musical alegre e sim sobre a luta de um povo que vive na miséria e que luta por uma vida melhor. Colocar qualquer alegria nesta história seria um crime a obra original, até as cenas mais cômicas dos atores Sasha Baron Cohen e Helena Bonham Carter servem como uma crítica de que até entre aqueles que vivem na miséria não estão livres de entrar no jogo sujo dos poderosos. As críticas de escolha de ângulos do diretor é uma questão de entender o efeito que ele pretende,  Hooper já tinha mostrado no seu filme anterior uma visão quase teatral que trouxe para o cinema. A escolha de mostrar quase sempre os atores em close-ups aumenta aproximação do público que realmente sente e vê cada emoção dos atores.

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O longa está sendo muito comentado também pela escolha do elenco cantar ao vivo durante as filmagens e não ter gravado antes em estúdio como é comum acontecer em musicais. Umas decisão obviamente polêmica, mas que no final prova ser certa, ao cantarem ao vivo os atores conseguem passar ainda mais emoções e aumentar o realismo da história dos seus personagens. Não temos aqui aquelas vozes falsamente perfeitas de outros musicais, alguns atores desafinam, a voz de Crowe pode parece estranha inicialmente, mas tudo isso é um preço pequeno perto do impacto final que cantar ao vivo traz para o elenco e para a história. A vitória desta escolha se vê principalmente em duas belíssimas cenas, a primeira quando Jean Valijean percebe que recebeu um nova chance pelo Bispo e a emocionante cena de Fantine (Anne Hathaway) cantando “I Dreamed a Dream”. Essa cena que é o ponto alto de toda a trama e que deve garantir, merecidamente, o Oscar de Melho Atriz Coadjuvante para Hathaway é um exemplo do porque defender as escolhas dramáticas e técnicas do diretor. A atriz no lugar de cantar no famoso estilo perfeito Broadway escolhe um tom mais realista uma mistura de canto e falo que engrandece toda a situação que sua personagem vive no momento,  o impacto desta escolha é devastador no melhor sentido possível, é difícil imaginar alguém que não se emocione com essa cena.

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Hathaway apesar do pequeno espaço na trama brilha assim como o restante de quase todo elenco, Jackman faz a sua melhor e a primeira atuação perfeita no cinema, se não tivesse como concorrente o Lincoln de Daniel Day-Lewis poderia ganhar a estatueta de melhor ator. Russell Crowe, injustamente criticado pela voz, também faz uma das melhores atuações de sua carreira, elogios também para Eddie Redmayne, Samantha Barks e o jovem Daniel Huttlestone que vive o pequeno revolucionário. A única decepção de todo o elenco é Amanda Seyfried que não faz nem uma boa atuação e muito menos canta razoavelmente bem no papel importante de Isabelle Allen, sua voz soa estranha e com atuação bastante forçada.

Os Miseráveis é um grande espetáculo musical e visual, impactante, sem rodeios e medo de emocionar e que através de sua dramática história recupera a reflexão e crítica social da obra de Victor Hugo.

 5star

2 comentários em “Nos Cinemas: Os Miseráveis

  1. […] Filme Argo Django Livre As Aventuras de Pi Lincoln A Hora Mais Escura Os Miseráveis Indomável Sonhadora O Lado Bom da Vida […]

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