Crítica: A Vida e Morte de Charlie

Quase sempre os estúdios hollywoodianos preferem investir na contratação de um grande astro para estrelar um filme, do que tentar apoiar o sucesso da produção na história. Isso é o exatamente o que acontece no drama A Morte e Vida de Charlie (Charlie St. Cloud), que deveria ser em primeiro lugar uma adaptação do  best-seller homônimo escrito por Ben Sherwood; Entretanto no lugar de apostar todas as fichas na história com viés espírita, o filme é na realidade uma tentativa de mostrar que Zac Efron (o eterno astro de High School Music) pode realmente ser mais do que um rostinho bonito e ser um ator de verdade.

Na trama, Charlie St. Cloud é o garoto perfeito, bom aluno e promessa no iatismo e mantém uma relação de grande amizade com seu irmão mais novo Sam (Charlie Tahan). Como todo bom drama, logo acontece uma tragédia, em um acidente de carro com Charlie no volante, Sam morre e Charlie consegue também tem o mesmo destino, mas é ressuscitado por um paramédico (Ray Liotta). Após a experiência de quase morte, Charlie começa a ver o espírito de seu irmão e se sente obrigado a cumprir a promessa que fez a ele antes de sua morte, de voltar os dias para encontrá-lo no mesmo lugar.

Por causa desta promessa, Charlie desiste de todos os seus sonhos e planos futuros e começa a trabalhar em um cemitério, e todo dia no horário do pôr do sol, vai se encontrar com o espírito do seu irmão. Após cincos anos de uma vida reclusa, Charlie repensa sobre o seu destino, após conhecer uma garota chamada Tess (Amanda Crew).

No começo do filme, Efron se saí bem, fazendo o mesmo papel de sempre, do garoto perfeito e bom exemplo, afinal é inegável que o ator tem muito carisma, no entanto não consegue fazer uma atuação decente, tanto nas partes dramáticas, como nas cenas românticas, onde forma com Amanda Crew, um casal sem química e paixão.

O astro teen se esforça bastante, mas não consegue passar nenhuma emoção, seu rosto pode até ser bonito, mas lembra muitas vezes um robô de tão frio.

Apesar da limitação de Efron como ator dramático ajudar no resultado final, o filme também tem outros problemas. O ator-mirim que vive seu irmão fantasma é extremamente irritante e sem graça. O filme conta ainda com a presença dos experientes Kim Basinger e Ray Liotta, mas ambos são pouco aproveitados em papéis pequenos.

O roteiro da adaptação escrito por Craig Pearce e Lewis Colick é cheio de furos e longo demais, talvez se muitas partes fossem cortadas, o filme poderia ser menos ruim. O limitado diretor Burr Steers, que volta a trabalhar com Efron depois de 17 Outra Vez, cumpre as ordens do estúdio e tenta vender o filme através de várias imagens do rosto e corpo de Efron.

Zac Efron desistiu de protagonizar o remake de Footloose para estrelar A Morte e Vida de Charlie, numa tentativa de apagar sua fama de astro teen, afinal já está com 22 anos, e para tentar principalmente provar que é capaz de fazer papéis dramáticos. Não conseguiu ainda fazer isso e ao escolher este drama, no lugar de filme com estilo mais parecido com os seus principais sucessos, deixou ainda mais claro suas falhas como ator.