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Crítica: O Homem de Aço

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No início dos anos 80 com Superman II com a marcante atuação de Christopher Reeve como o clássico personagem dos quadrinhos, o herói viveu seu auge fora do universo das HQ’s, porém após este filme a decadência começou. Foram mais dois filmes péssimos ainda com Reeve, no meado dos anos 90 a série que foi quase o fundo do poço do herói e até o fatidíco filme de Bryan Singer com o mais que esquecível Superman Returns (2006). A Warner e a DC. precisavam encontrar uma maneira de fazer com que o personagem ressurgisse na telona e para isso escolheram o queridinho de ambos, o diretor Christopher Nolan, responsável pela trilogia Cavaleiro das Trevas que reinventou o Batman no cinema. Nolan em O Homem de Aço é o produtor e também assina o argumento que serviu de base para o roteiro final escrito por David Goyer que também escreveu com parceiros os textos da trilogia do Homem-Morcego. Para completar, Nolan escolheu Zack Snyder para assumir a direção, um diretor que já mostrou seu talento para desenvolver histórias (o incompreendido e excelente Sucker Punch) e principalmente para criar grandiosas cenas de ação (300), algo que não falta neste filme.

Um reinício com uma nova história para Superman, a base da clássica obra criada por Joe Shuster e Jerry Siegel do homem de outro planeta que está prestes a ser destruído e é enviado pelos seus pais para outro planeta continua relativamente intacta, mas assim como nos outros filmes de Nolan e Goyer ganha mais profundidade e explicações, afinal em uma obra desta dupla tudo precisa ser claramente explicado e justificado. Outra marca dos filmes de Nolan é sempre ser realista, não importa a história que esteja contando, o diretor sempre busca uma maneira de tentar encaixar o irreal no real, neste caso um homem vindo de outro planeta capaz de voar e invencível e como ele seria recebido pelos humanos. Se este ponto peca um pouco pela rapidez e falta de profundidade, consegue ao menos criar um paralelo rápido e real de como seria verdadeiramente o mundo saber da existência de um homem que é quase um Deus entre nós.

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O roteiro de O Homem de Aço é superior ao também filme introdução Batman Begins, vai mais além e cria uma narrativa diferente do padrão atual dos filmes de heróis e nesta escolha está o primeiro atrativo de um filme onde tudo é quase perfeito. O texto já foge do padrão ao logo de cara ao começar em Krypton apresentando o planeta e sua história, com a introdução dos personagens Joe-El (Russell Crowe) que deseja algo mais para o seu povo e quer salvar o seu filho recém-nascido Kal-El (o futuro Henry Cavill) e também o perfeito vilão da trama Zod (Michael Shannon) que aqui ganha uma história muito mais profunda e é o típico vilão que tem um passado e razões que levam ao entendimento do porque ele tomar certas atitudes. O Homem de Aço é um longa grandioso em efeitos especiais e as cenas em Krypton são de encher os olhos, toda a tecnologia criada para o planeta é fantástica.

Logo em seguida a maior surpresa e ousadia da trama de contar a história já com Clark Kent adulto e tudo que aconteceu antes é mostrado através de flashbacks muito bem encaixados que são essenciais para o entendimento deste agora complexo homem de trinta anos que precisa entender o porque de estar neste planeta e qual é o seu papel nele. Essa criação do homem que torna-se o o herói assim como no primeiro Batman é feita de maneira esplêndida, sem pressa e deixando a história ter o seu ritmo próprio e assim o público cria rapidamente uma ligação com Clark Kent. O desenvolvimento da ligação entre a criação de Clark Kent para Superman se segura na sua primeira parte em seus dois personagens que são secundários apenas pelo seu tempo em tela, já que são essenciais para o texto; primeiro Kevin Costner perfeito como Jonathan Kent, o homem comum que fica com medo de como o mundo irá receber e se irá entender o seu filho adotivo tão especial, as cenas dos flashbacks são emocionantes e com frases ditas por Jonathan que já tornam-se marcantes. Se Jonathan não quer seu filho revele seus podres, Jol-El (Crowe magnífico) surge como um contraponto, um homem que acredita que seu filho precisa assumir que é e ser tratado como um Deus na Terra, o filme não deixa de criar analogias entre Superman e Jesus Cristo.

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Assim como nos quadrinhos, um dos principais pedestais do herói sempre foi Lois Lane, desta vez interpretada por Amy Adams, talvez a personagem que mais manteve sua origem de uma jornalista sempre em busca da notícia, forte e decidida. Em Lois Lane se encontra um outro ponto de realismo encaixado na trama para explicar melhor a relação dela com Clark Kent, mudança que não deve agradar os fãs mais chatos, mas que também se encaixa na proposta do filme e tira (além da cueca fora da roupa) outro ponto fantasioso demais da história original. O impacto na relação entre Clark e Amy se perde um pouco pela introdução exagerada e muito forçada da personagem em quase todas as cenas, assim o romance que tem potencial torna-se um pouco chato, mas erros que ficam escondidos pelo charme de Amy Adams e sua química com Cavill.

A escolha do icônico personagem Zod, o maior antagonista do Superman, é acertada e das mudanças feitas nas histórias dos personagens originais a que mais agrada são as do vilão que nesta versão ganha mais alma e objetivos, no fundo um motivo para ser este homem cruel. Um personagem denso como este precisava mesmo de um ator como Michael Shannon que com seu olhar lunático dá vida a um dos melhores vilões dos quadrinhos e agora diria do cinema, uma atuação marcante que cria um contraponto perfeito entre as personalidades e condutas entre vilão e herói. Uma menção honrosa para atriz alemã Ayelet Zurer como Faora, outra conhecida vilã que participa de cenas importantes e que ajudam a formar o caráter do protagonista.

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E é nos embates entre herói e vilões que Znyder é colocado para fazer o que sabe fazer melhor que é criar grandes cenas de ação, o diretor aproveita ao máximo os seus recurso financeiros para criar gigantescas cenas de ação, diria que as melhores já vista envolvendo um super-herói no cinema. As lutas entre Superman e Zod são realmente como de dois deuses na Terra, aqui toda a força e superioridade dos dois alienígenas ficam ainda mais evidente e o nosso planeta serve apenas como cenário de destruição e objetos a serem usados como armas pelos personagens. Os efeitos especiais nestes momentos impressionam e vão deixar os fãs com um sorriso no rosto, cenas grandiosas e criadas com o máximo cuidado onde é difícil diferenciar o que foi rodado com atores reais ou criado em computadores. Seria injusto dizer que Snyder somente sabe rodar cenas de ação, o diretor também cria belíssimos cenas nos flashbacks, deixando Smallville linda como nunca.

Os fãs mais xiitas ainda olham com um olhar receoso sobre essa nova versão do Superman, algo que aconteceu também com o novo Batman no começo, apesar de fazer parte do grupo que tem uma forte ligação com o herói dos quadrinhos, recebi e aceito bem as mudanças feitas em suas histórias, que foram bem-criadas e com lógica se encaixando neste novo universo criado para o Superman, assim já se separa logo de cara o herói do cinema e dos quadrinhos. A proposta é criar um novo Superman com uma nova história e ideologias, alguns criticam a destruição em massa e os inocentes mortos durante as lutas, algo que se bem ponderado já foi visto nas HQ’s. A maior polêmica envolve a resolução da luta final entre Superman e Zod que é o maior arco dramático da trama e o seu ponto de conclusão que diria perfeito, não teria como ter outro final, nesta cena se encontra o futuro do homem que torna-se um mito, nela o Superman é muito mais que um quase Deus, é um homem comum que quando é colocado no seu dilema mais difícil precisa tomar uma decisão que acabará o moldando para sempre.

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Henry Cavill impressiona como o protagonista, criando a sua própria personificação do personagem, o medo do ator não conseguir fazer uma atuação digna para este histórico personagem é logo esquecido. Cavill consegue passar emoção e na sua atuação mostra as diferenças entre as três personalidades do personagem (Clark Kent, Superman e até Kal-El), o Superman até fala menos do que o esperado neste filme, porém não deixa de passar emoção e o ator mostra um físico invejável quando é colocado para mostrar os poderes de seu personagem. Seria errado comparar com o Superman de Christopher Reeve, criado para uma outra época, e que aqui neste longa tem uma breve e bela homenagem.

O Homem de Aço visto como uma nova adaptação do Superman e o início de uma nova franquia já consegue ser superior a Batman Begins, por casar melhor realidade e fantasia, sem necessariamente precisar de uma história sombria e cheia de dramas e questionamentos, muitas vezes exagerados, como a trilogia Cavaleiro das Trevas, o que realmente não combinaria com o icônico Superman, Christopher Nolan conseguiu aqui colocar o seu estilo de narrativa de uma maneira mais leve e menos pretensiosa como fez nos filmes do Batman. Ainda é cedo para pensar que este filme pode ser o início do sonhado universo DC no cinema, o Superman mostrado neste filme precisa amadurecer tanto em sua história como para o público conhecê-lo melhor e ver do que ele será capaz, e a pressa da DC em fazer o seu desejado filme da Liga da Justiça não pode atrapalhar o desenvolvimento do que pode vir a ser a melhor franquia da editora no cinema.

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Seria utópico imaginar aquele mesmo herói da capa vermelha que apareceu pela primeira vez em 1938 nos quadrinhos no nosso tempo, onde o novo torna-se velho em um clique do computador. Assim como aconteceu algumas vezes nos quadrinhos, o Superman teve suas alterações seguindo os padrões da sociedade na época, o mesmo acontece em O Homem de Aço que apresenta um novo herói para uma nova geração. Se a sua história foi um pouco modificada, o Superman de O Homem de Aço permanece com os mesmos valores e a mensagem do alienígena que veio não apenas para salvar a Terra, mas sim fazer os humanos repensarem sobre suas vidas.

 5star

Um comentário em “Crítica: O Homem de Aço

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