Crítica: Resident Evil 4: O Recomeço

Mesmo com muitas críticas a adaptação do game Resident Evil é um grande sucesso, tanto que conseguiu chegar milagrosamente até a sua quarta parte. O primeiro filme da franquia é até hoje o mais elogiado, dirigido e roteirizado por Paul W.S. Anderson, que depois preferiu passar o bastão para outros profissionais, ficando apenas responsável pelo roteiro das continuações

Assim como diz o sub-título nacional, Anderson retorna a cadeira de diretor para recomeçar a franquia, tentando corrigir os erros do passado e seguir um novo rumo. Para ajudar nessa tarefa, utiliza a tecnologia do momento, o 3D, rodando o filme com as mesmas câmeras usadas por James Cameron em Avatar. Na parte de efeitos especiais Anderson cumpre sua missão de forma correta, utiliza na hora certa os efeitos, criando cenas que levam ao extremo da tecnologia, mas do outro lado da moeda repete os mesmos erros dos filmes anteriores e ainda acrescenta novos defeitos.

A cena inicial exemplifica o filme perfeitamente, grandes efeitos especiais que escondem uma história sem nexo. Alice (Milla Jovovich) invade a central da Umbrella, utilizando suas armas, super-poderes e suas cópias, a cena parece uma cópia em 3D dos melhores da trilogia Matrix. Tudo isso para chegar ao líder da empresa, Wesker (Shawn Roberts), com o visual idêntico ao quinto game da franquia e que muitos vão confundir erroneamente com o agente Smith também de Matrix. Tudo termina com uma batalha sem graça, onde Wesker consegue tirar os poderes de Alice, que volta a ser uma simples humana.

O início com cara de final mostra a grande confusão da história, Anderson gasta mais de 30 minutos com essa cena, simplesmente para consertar o erro do terceiro filme. Contradizendo a própria trama, a Alice humana é a mesma com ou sem poderes, ela apanha, leva facada e na cena seguinte aparece sem um ferimento, para piorar sua intérprete Milla Jovovich, apesar da sua beleza, continua sendo uma atriz sem talento algum.

Daí em diante o filme segue seu caminho rumo ao declínio, com Alice e seus companheiros tentando sobreviver, praticamente um road movie com zumbis, que desta vez aparecem pouco na história, outra mudança absurda na história do game original.

Um dos poucos acertos do roteiro, mesmo que sem essa intenção, é centralizar a trama de forma excessiva em Alice, o que acaba sendo uma vantagem, poupando o público de aguentaro o fraco elenco de coadjuvantes. Claire (Ali Larter) praticamente não tem importância na história e outros atores aparecem sem falar uma palavra. A novidade no elenco é a presença do personagem querido pelos fãs, Chris Redfield, que interpretado pelo limitado Wentworth Miller, virou um machão que só serve para falar frases de efeito e atirar.

Anderson agrada os fãs xiitas de Residente Evil, refilmando cenas do quinto game, que foi a sua grande inspiração para criar a história, só que conseguiu estragar essa homenagem fazendo alterações nos momentos mais importantes, inclusive na luta final. A única vantagem desse amor pelo jogo mais recente da franquia, é a presença do carrasco grandalhão Executioner, que participa do melhor e único bom momento o filme, jogando o seu machado na cara do público, aproveitando as vantagens do 3D.

A história sem pé nem cabeça fica ainda pior nos momentos finais, talvez por isso a grande surpresa da trama é guardada para uma cena pós créditos e que serve também como gancho para o quinto filme, que já recebeu sinal verde do estúdio.

Resident Evil 4: O Recomeço não apresenta nenhuma novidade, continua cada vez mais diferente do game original e se torna de vez uma franquia própria, que contém uma história sem nexo e supérflua, com um elenco medíocre e agora com diretor que está cada vez mais perto de assumir o lugar do cineasta Uwe Boll, como o pior de diretor de adaptações de games.